sábado, 17 de março de 2012

Reflexos de um país parado

A frase mais vezes repetida pelos agentes políticos instalados, tem sido esta;
Estamos no bom caminho !
Certamente que para algum do "bom povo", este tipo de informação é capaz de surtir efeito. É mesmo frequente ouvirmos dizer, seja o que deus quiser.  Eles concerteza que não foram para lá para querer o nosso mal !
Quem diz isto é normalmente gente que a única coisa que desfrutou na vida foi sofrimento, miséria e esperança na recompensa final. Dos homens só esperam que o tempo passe. Acreditam que o "senhor" lhes irá "deitar as mãos".
Provavelmente, este tipo de frases pode parecer estranha a alguns seguidores deste blogue. No entanto esta é ainda hoje a realidade de parte considerável do nosso país. É assim na Beira Interior onde estivemos alguns dias e aproveitámos para falar com várias pessoas. 
O País parado, lá continua como há 40 anos atrás.
Sim, é verdade que existem novas estradas e principalmente rotundas.
Nalguns serviços há um acréscimo de modernidade.
Fizeram-se mesmo algumas "praias fluviais". 
Mas....o país está parado.
As estradas e as rotundas que em muitos casos não se justificavam, estão lá porque o grupo Lena e a Mota Engil ali encontraram mais um "nicho de mercado". Para a restante "modernidade" os fundos europeus foram servindo para que os políticos fossem mostrando obra.
Mas....aquela gente continua parada !
Em quase 40 anos não se viu uma politica de desenvolvimento que servisse para dotar aquela região com capacidades que lhe permitisse atingir patamares de sustentabilidade.
Muitos dos que aos 20 anos pensaram que a revolução lhes iria proporcionar melhores perspectivas de vida são os mesmos que hoje nos sessenta, ainda e apenas, esperam que a "mão de deus" não lhes falte. 
Há 40 anos, era a "Cáritas" que lhes levava o queijo e o leite em pó.
Hoje, é o subsidio de sobrevivência que já nem sequer chega para pagar a mesma quantidade de alimentos que na altura recebiam.
As aldeias e as vilas estão praticamente desertas. Não se sente o pulsar de vida. O comércio acabou. Muitas das pessoas que ainda mantêm as lojas abertas, fazem-no, porque dizem que se fecharem a porta ainda ficarão mais deprimidas.
Ao mesmo tempo vamos ouvindo a frase agora batida, Portugal está no bom caminho.

Perante este cenário, a frase causa-nos um incómodo acrescido.
Mais incómodo ainda nos causa, quando revemos o passado e nos lembramos que há cerca de 22 anos apresentámos algumas ideias e projetos que poderiam ter dotado toda aquela região com capacidades acrescidas para o seu desenvolvimento, aproveitando as "matérias primas" existentes, com particular destaque para a Ruralidade e os Produtos regionais. E a isto, podia-se colocar o rotulo de politica de Desenvolvimento Sustentável.
No entanto os fundos europeus que iam chegando às Câmaras e aos agentes políticos que para idiotas já pouco lhes faltava, iam fazendo piscinas, parques desportivos, campos de futebol, praias fluviais, campos de tiro, etc, etc, esquecendo-se que os povos para se sustentarem precisam de um tecido económico e empresarial que lhes dê vida.
Hoje, alguns campos de futebol estão transformados em vazadouros, as piscinas nem sequer chegaram a ter água, os parques desportivos são aproveitados para estender roupa e o que sobeja para pouco ou nada serve.

O Povo, esse bom povo continua a rezar.
A EDP entretanto vai acelerando a velocidade de corte no fornecimento de electricidade. Num concelho de pequena dimensão como aquele, a média semanal já vai nos 40. Com este ritmo, no fim do ano uma boa parte da população já estará a viver pior que há 40 anos atrás quando não havia luz eléctrica instalada.
Tudo isto nos causa um forte sentimento de revolta que terá mais dia menos dia que se concretizar numa qualquer reação contra esta escumalha que se apoderou do País.
Pensamos que este sentimento é cada vez mais generalizado. Qualquer pessoa com um mínimo de integridade terá de se revoltar contra aqueles que conduziram o País até esta miséria.
Portugal não está no bom caminho !

3 comentários:

JotaB disse...

Desertificação do interior: Um problema do país que todos devemos tentar inverter


Quem sempre residiu numa aldeia do interior é um vencedor.

Vencedor porque se contenta com pouco. As oportunidades de trabalho/emprego são reduzidas; os salários são baixos; as acessibilidades são remediadas; o clima é agreste; as actividades culturais são pontuais; os transportes públicos são insuficientes, as escolas e os centros de saúde ficam cada vez mais distantes, as burocracias são imensas, etc.

Que atitudes, estratégias e apoios poderiam e deveriam ser tomadas de forma a inverter esta constatação?

-Adaptar e inverter os PDM – Planos Directores Municipais de forma a torna-los amigos das pessoas e da natureza, facilitando a reconstrução e construção de moradias nas zonas rurais;

-Estimular e apoiar empresas que se instalem em zonas desfavorecidas, através de ajudas ao investimento e reduções nos impostos indirectos;

-Acabar com a acumulação de empregos (sobretudo os do Estado, fruto muitas das vezes das suas funções que desempenham conseguem acumulações em actividades paralelas);

-Fomentar, apoiar, valorizar e acarinhar a produção agro-pecuária. Desta forma estamos a aumentar a nossa produtividade, diminuir o nosso grau de dependência dos produtos provenientes do exterior; aumentar os postos de trabalho e as nossas exportações. Por outro lado evitam-se os abandonos dos campos, com todas as consequências negativas que daí advêm, quer ao nível do ambiente quer ao nível da produção e economia.

-Apostar numa reorganização administrativa, reduzindo substancialmente as freguesias e concelhos, logo reduzindo custos; aproximar eleitos de eleitores, sendo critério imperativo para um autarca a tempo inteiro residir nesse concelho, ou na freguesia, consoante se trate de presidente ou vereador e presidente, secretário ou tesoureiro de uma Junta; tentar uniformizar os diferentes mapas administrativos (saúde, educação, justiça, agricultura, finanças, etc) aproveitando o bom trabalho executado ao nível de alguns sectores.

-Redireccionar em prol do interesse público os desempregados e as pessoas que recebem o RSI, apostando na formação da dupla certificação, do saber e do saber fazer.

-Distinguir interesse local do nacional e sempre que possível complementa-los.

-Incrementar e apoiar actividades amigas e preservadores do meio ambiente: turismo de natureza, rural, agro-turismo, de habitação, caça, pesca, apanha micológica, circuitos pedestres, etc.

-Apoiar e promover os produtos endógenos e regionais.

Com apenas estas pequenas/grandes medidas tornamos o país com uma população mais bem distribuída, melhoramos os ecossistemas, preservamos o meio ambiente, reforçamos a nossa independência, apostamos na valorização das pessoas, aumentamos a nossa auto-estima e qualidade de vida, em suma, melhoramos o nosso país para as actuais e futuras gerações.


(Em Jun 6, 2011 - Por: Vítor Figueiredo, Director do Jornal GAZETA DE SÁTÃO)

JotaB disse...

A polícia continua ao serviço dos opressores!
Parece termos regressado aos tempos da ditadura!
A agressão de manifestantes em greve e de jornalistas que faziam a cobertura da manifestação, é bem o exemplo de uma polícia que não queremos e que trata os cidadãos como criminosos!


"ATÉ QUANDO?", Gabriel, o Pensador

"A polícia só existe pra manter você na lei / Lei do silêncio, lei do mais fraco"

“Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?”

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=lp39KZUxifA

José Gonçalves Cravinho disse...

Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velho (quase 88 anos)digo aqui que os pulhas,os velhacos,os cínicos,
os trafulhas,os hipócritas que
sabiam como tirar o melhor partido da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo,agora com liberdade e democracia e com o liberalismo económico em que cada qual se safa como pode,ÊLES e seus descendentes ou apaniguados filhos da mesma Escola,muito melhor sabem como tirar partido desta Situação.
E não esquecer que ÊLES estão a vingar-se do 25 d'Abril e nisto contam com a ajuda dos Vigários de Cristo que com sua Vigarice vão
conduzindo o rebanho do Senhor.