terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A divina aliança

Só poderia ser entre a miséria e o obscurantismo e nada mais poderia gerar que um produto amorfo e sem consistência sólida que se chama Portugal. Esta tem sido a fórmula seguida desde há muitos séculos.
Primeiro e ainda presentes, as religiões foram o seu sustentáculo. Depois e de forma subrepticia tem sido aproveitada pelas novas classes que se foram desenvolvendo.

A massa humana resultante deste caldeamento e que se expressa em termos de Povo, fez emergir uma sociedade "fermentada" e susceptível de fácil utilização pelo novo clero dominante e agora intitulado de classe politica.
O antigo clero prometia e ainda promete o céu a troco de muitos sacrifícios e bastante fé. Os actuais utilizam exactamente a mesma fórmula. Apenas trocam o céu por futuro e normalmente acrescentam, melhor.
Assim não nos podemos admirar de ver um Povo submisso e que continua de joelhos perante a infâmia, a desgraça, o servilismo, a mentira, o roubo, a corrupção.
Tudo isto é aceite sem um queixume e se o fazem é de forma contida e controlada pois disseram-lhes e convenceram-nos que a ESTABILIDADE é um bem essencial para o nosso desenvolvimento. Eles acreditam e respeitam.
Este poder Politico / Divino tem mesmo "sacerdotes" auxiliares habilmente moldados a partir da mesma massa, com ela consusbtancial á origem, de forma a garantir que os cânticos da nova alvorada não sejam comprometidos por algumas franjas mais instáveis que por vezes lhes estragam as procissões.

A dificuldade maior que sentimos é sabermos que é neste Povo que vivemos e que será aqui que entregamos a nossa alma. Isso custa-nos bastante pois não temos os mesmos sentimentos, nem gostamos desta sociedade, nem desta classe politica, nem destes "sacerdotes" menores vulgo sindicalistas. Todos em conjunto nada mais fazem que contribuir para a desgraça deste País.
A continuar assim somos apenas cordeiros guardados para as festividades pascais. É verdade.
Vamos acabar por ser imolados com um sorriso imbecil nas faces.
Ás vezes apetece-nos gritar ! ACORDEM SEUS IMBECIS.
Certamente alguns recordam-se daquela parábola no templo em que Cristo quis correr com os vendilhões.
Quase que garanto que se o mesmo Cristo agora cá viesse - e isso até pode acontecer com os preços baixos das Low-cost - diria algo semelhante só que actualizado ao tempo presente e poderíamos talvez ouvir;
Palavra do senhor:
Acordem irmãos, cuidado com os vendilhões da politica que usam bancos para vos extorquir o dinheiro - estava a lembrar-se do BPN -, fazem fortunas que colocam no estrangeiro e vocês é que têm que trabalhar o resto da vida para pagarem as dividas que eles deixaram e aceitam isso sem se manifestarem, sem mandarem prender os políticos responsáveis, sem arremessarem pedras e outros materiais, sem uma manifestação de raiva perante o despudor dominante ?
Abram os ouvidos e a mente.
Vocês vão passar fome e não batem em ninguém ?
A vossa desgraça está a ser felicidade de muita gente e vocês não percebem ?
E não partem nada ?
Não me venham com a história de já terem queimado uns pórticos na A23.
Isso não é nada. Façam-se homens. Vão é procurar quem os mandou lá por e prendam-nos. E confisquem-lhes os bens. A eles e a quem negociou as scuts e as parcerias publico privadas. Prendam-nos. Recuperem o vosso País antes que seja tarde.
Palavras de Cristo na homilia aos Portugueses.
Perante isto nada mais será preciso acrescentar.

1 comentário:

JotaB disse...

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade