quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A realidade nacional

Este texto de Moisés Espirito Santo merece ser difundido, pois reflecte bem o povo que somos e está adequado ao periodo pós eleitoral.

Dinheiros públicos (e miséria privada)

A grande massa dos portugueses, que vota nos governantes esbanjadores e apoia obras públicas caras e ostentatórias, não tem, no quotidiano, a noção reflectida donde procedem os «dinheiros públicos». Essa massa de ignorantes não pensa nisso; fica-se com a ideia de um cofre inesgotável, dum banco anónimo, dum tesouro mágico. É como se fossem dinheiros alheios ou de «ninguém» que se podem esbanjar e que não carecem de controle popular (nem de prestação de contas).
Será necessário dizer, incessantemente, que os «dinheiros públicos» provêm exclusivamente dos impostos, das licenças, matrículas, multas e outras cobranças, ou extorsões, aos cidadãos. Não são um tesouro mágico. São como a tesouraria duma colectividade.
Se os dinheiros partem em auto-estradas, TGVs, aeroportos, submarinos, automóveis de serviço, jantaradas oficiais, compra de bancos falidos, estádios, piscinas, polidesportivos, rotundas e arranjos urbanos para-saloio-ver (isto é, para o currículo dos políticos), e em pensões milionárias (duplicadas e triplicadas) dos gestores públicos e dos políticos, vai faltar dinheiro para os salários, os incentivos ao trabalho e à produção, para os subsídios de desemprego, a saúde, a educação, as pensões, a assistência aos pobres e os abonos de família. Tão verdade como eu estar aqui.
Esta ignorância, irreflexão ou distracção alimenta a corrupção e a fraude.
«Dinheiros públicos» são como dinheiros de «ninguém», como os caminhos de que cada um se pode servir desde que tenha acesso a eles. Podem ser vistos como «dinheiros do Estado».
Ora, como a grande massa de gente confunde o Estado com o Governo, e como o Governo se pode assemelhar a uma camarilha de malfeitores, «ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão».
Fraudar até pode ser uma garantia de reeleição democrática («Ele rouba mas faz»,
«É esperto...»). Esta tolerância popular com a corrupção e a fraude aumentou com a democracia. Constituiu um traço do parasitismo,uma forte componente da mentalidade portuguesa.
O Correio da Manhã lançou uma petição para a discussão no Parlamento duma proposta de lei nesta matéria. Louvável. O problema é que as leis, para serem praticadas, necessitam dos governos enquanto os governos democráticos,como os que conhecemos desde há trinta anos, são cúmplices dos corruptos.
A democracia chega a confundir-se com uma fraude. Um autarca que esbanja milhões em luxos públicos - para o seu próprio currículo político - que instaura uma piscina ou um polidesdeportivo em cada freguesia de mil habitantes, que abre rotundas, estradas,
infraestruturas pelos campos fora para servir uma vivenda isolada, diz que essas obras foram pagas «com dinheiros públicos». Nunca diz: «fruto dos sacrifícios dos contribuintes».
Se os cidadãos reflectissem que esses empreendimentos (construídos para o currículo pessoal dos políticos) estão aí em prejuízo dos gozos da saúde e da educação gratuitas, do subsídio de desemprego, dos abonos de família, das reformas, da assistência aos mais pobres e da alimentação doméstica, isto é, o que se gastou aí vai faltar para a equidade social... eu podia jurar-vos que, aquando das respectivas inaugurações, esses governantes gastadores dos dinheiros colectivos (se não apropriadores dos mesmos), deveriam ser recebidos não com aplausos mas com vaias, palavrões e, até, com gestos menos próprios como, por exemplo, à tomatada e à pedrada [«Esta sua obra contribuiu para a nossa pobreza! O seu projecto de currículo pessoal produz miséria geral!»].
O problema é que são as culturas quem engendra as respectivas elites, daí que os povos têm as economias que merecem.
Já a maior parte dos «dinheiros de Bruxelas» (a nova visão dum D.Sebastião) se foi em carros topo-de-gama, casas luxuosas e paraísos fiscais. Os ministros de há 20 anos vangloriavam-se de que entravam em Portugal, de Bruxelas, «tantos milhões de contos por dia». Inúmeras siglas públicas e privadas chuparam esses
milhões, sem controle.
A decadência em que entramos também é o resultado desses parasitários «dinheiros de Bruxelas». Eles criaram a subsídio-dependência, afastaram os jovens do gosto do trabalho e deram cabo da agricultura e da pesca, passando nós a importar o que comemos. Quer dizer, acentuaram o tradicional parasitismo da mentalidade portuguesa.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nobre, a revolta possível !

E é mesmo aquela que está mais à mão.
Se continuar Cavaco Silva, tudo continuará na mesma.
Se entrasse o poeta Alegre, da prosa não iria sair poesia.
A cartilha é a mesma e nem as virgulas se alteravam. Ou seja, o Sistema continuaria a fluir tal como até aqui. Nada de novo iria surgir.
Nem rasgos de imaginação ou novas descobertas, ou novas gentes.
Continuaríamos a ouvir os mesmos discursos........ apenas com entoação diferente.
As frases já as conhecemos.
Lá voltaremos a ouvir dizer que o País precisa de Estabilidade.
De respeito pelas Instituições.
Do esforço de todos os Portugueses. Dos sacrifícios de agora para um futuro melhor depois.
Com mais segurança. Com mais oportunidades para os jovens. Etc, etc.
E acima de tudo lembrarem-nos que é preciso ter confiança nas Instituições Democráticas !
Toda esta conversa desde 75...79...80....85....90....95....2000.....2005......2010....,
São 35 anos de falsas promessas a par do enriquecimento ilícito de toda uma classe politica que se apropriou do País.

Qualquer dos candidatos garantem este discurso e a consequente decadência a curto prazo.
Nenhum destes candidatos nos interessa.
Nenhum nos merece confiança.
Nenhum conseguirá contribuir para a solução que se exige para o País.
Essa seria uma mudança de Regime e a responsabilização da Classe politica que conduziu o País ao estado em que se encontra.
Sabemos que isto não irá acontecer. Mas pode ser o primeiro passo.

E se Fernando Nobre conseguisse ir a uma 2ª volta e ser alternativa viável ?
Só traria vantagens, mesmo que traga ás costas alguns penduras de ocasião.
Penso contudo, que a dimensão humana e social deste homem nunca se vergará a jogos de interesses, mesmo que eventualmente surgissem dos tais apoios socialistas.
Se se apresenta como um homem fora do Sistema, não nos parece que pudesse vir a integrá-lo agora.
Nem nos parece que possa vir a pactuar com as mentiras de qualquer 1º ministro em exercício.
Nem que deixasse passar em claro os gastos e roubos que sistematicamente se fazem no erário publico.
Nem que ficasse insensível aos desiquilibrios sociais existentes.
Basta isto, para fazermos um esforço de mobilização em favor de Fernando Nobre.
NOBRE, A REVOLTA POSSÍVEL.

Quando há 4 anos, numa cerimónia então realizada, estive ao seu lado, senti vontade de o abraçar ( pois não o conheço pessoalmente ) e agradecer por todo um trajecto de vida que só os Homens com H grande conseguem e merecem.
Agora, podem-se fazer todas as conjecturas sobre a sua candidatura.
Podem-se traçar alguns cenários. Até nem se gostar de saber que por perto já farejam os abutres.
Mas uma coisa é certa.
Neste momento Fernando Nobre é a centelha de revolta a que podemos deitar mão.
Não a desperdicemos. Façam esse favor ao País e a cada um em particular.
Amanhã, o Sol talvez brilhe um pouco mais.
Se não brilhar, também não se perdeu nada.

posto por Carlos Luis

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fernando Nobre ou José Coelho ?

Não adianta votar Branco ou Nulo.
Não adianta discutir o perfil dos candidatos.
Não interessam os custos que possa ter uma 2ª volta.

Aquilo que agora se impõe, é votar contra o sistema politico vigente.

Qualquer destes dois candidatos servem.
Até gostaríamos de considerar o José Manuel Coelho.
Só que, Fernando Nobre tem reais possibilidades de poder ir a uma 2º volta e pode mesmo vir a derrotar Cavaco Silva.
Tenhamos em conta que as sondagens oficiais já o colocam a par do candidato Alegre.
E segundo começa a circular, já o terá mesmo ultrapassado.
Por isso apelamos ao voto em Fernando Nobre e gostaríamos de fazer depois uma "jantarada" com o José Coelho antes dele regressar á Madeira.

Nota - Embora não goste da proximidade de Nobre com determinadas figuras da "família socialista", por vezes temos de sobrelevar alguns defeitos.
Mas....quão satisfeito ficaria se ganha-se o José Coelho.
Os gostos impossíveis não deixam de ser gostos.
Seria melhor uma pedrada no charco que deixar alargar o pântano em que estamos atolados.

posto por Carlos Luis

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Nações Valentes

Agora que os heróis do mar estão adormecidos e a Nação imortal está praticamente morta, outras gentes demonstram que mesmo os mais temíveis regimes não resistem à vontade e determinação dos povos que sentem a ignomínia das classes politicas "reinantes".
A recente lição da Tunísia, assim como a anterior despedida de Ceausesco na Roménia, justificam que olhemos para estes povos e percebamos que é possível desmantelar regimes corruptos se houver determinação e vontade concertada.
Nada justifica continuarmos a permitir que um bando de inqualificáveis políticos continuem despudoradamente a enganar os Portugueses, sem que surja um assomo de revolta.

Mas, a verdade é que hoje já não somos uma Nação valente.
Deixámos amolecer os sentidos.
Esquecemos os princípios e os valores que artificialmente nos foram servidos.
Ignorámos os conselhos e os avisos que gente lúcida ao longo do tempo foi fazendo e a Ética e a Moral continuaram a ser distorcidas por convicções religiosas.
Tornámo-nos ainda mais "cinzentos".
E acéfalos.
Somos a "massa mole" do tempo presente.

posto por Carlos Luis

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O País que não acorda

Por vezes as ausências forçadas deixam-nos tempo para reflectirmos sobre as realidades que se vão processando e que mais directamente nos tocam.
É o caso da Comunicação social versus actividade politica.
Talvez melhor dito ou apresentado de outra forma;
Será que a Comunicação social e os políticos, pensam que somos um Povo de gente atrasada ? Incapaz ? Débil ? Mentalmente deficitários ? comprovadamente manipuláveis ? ou pensa o quê ?

Centramo-nos apenas em mais este episódio da venda de títulos de divida publica versus manifestação de alegria da classe politica por se ter conseguido isso. Sabe-se que foi por um preço proibitivo e certamente com garantias de estado. Todos sabemos que isso é um pesado fardo que no futuro irá cair sobre todos. Não haveria motivos para festejar fosse o fosse.

Será que não sentimos vergonha por irmos assistindo de forma passiva a esta autêntica delapidação dos recursos humanos e materiais com que se deveria projectar o futuro ?
Será que não percebemos que a satisfação dessas aberrações politicas que dão pelo nome de socrates e teixeira, é apenas a reacção patética a uma desgraça há muito anunciada ?
Será que não entendemos que quando nos compram títulos de divida apenas estamos a cavar a desgraça futura ?
Será que ainda não entendemos que por cada emissão que se faz a única coisa que se gera é DIVIDA ?
Será que ainda não percebemos que dessa troca fatídica nada resulta em comprovado desenvolvimento e que na sua essência apenas serve para manter no poder a actual classe politica ?
Será que ainda não percebemos que para pagar essas dividas o País teria de aumentar a produção e aquilo para que tudo aponta é para estarmos a mergulhar num ciclo recessivo ?
Será que ainda não percebemos que a nossa liberdade tem vindo a ser negociada por estes excrementos políticos que pululam por aqui ?
Será que ainda não percebemos que quando pedimos dinheiro temos que o pagar e esses empréstimos exigem garantias sobre bens transacionáveis ?
Será que ainda não percebemos que não estamos a crescer, não produzimos o suficiente, não temos capacidade futura de pagamento e continuamos sentados no sofá ou a passear no Centro Comercial ?

Face a tudo isto e alimentando a paranóia colectiva, vemos a quase totalidade da comunicação social contemporizar com as mais diversas verborreias dos políticos que mais não fazem que entreter este povo de apalermados e imbecis. Eles se calhar até têm razão. Que me desculpem mas é isto que sinto.
Já era tempo de sairmos à rua e "expressarmos" de forma violenta e incontida a nossa indignação !
Está em causa a nossa sanidade mental e o futuro dos nossos filhos. Não podemos continuar a ser "civilizados" e "passivos", quando temos que lidar com a escumalha politica que tomou conta do País. E essa luta terá de ser travada.
Pela nossa parte estamos disponíveis para tudo o que se refira á defesa de valores fundamentais que visem a obtenção de uma Justiça social e um Sistema Politico que garanta os direitos individuais e responsabilize a classe politica perante o Povo que os elege.
Esta impunidade perante o desvario continuo que vamos observando, tem de terminar com o julgamento de todos aqueles que enganaram este País.
Já é tempo de sair à rua.

posto por Carlos Luis