terça-feira, 19 de outubro de 2010

Caos adiado

Será necessário e urgente sairmos para a rua, pois por vezes do caos nasce a luz.
Hoje e depois de percorrermos em profundidade alguns dos blogues de referência, ressalta um quase unânime diagnóstico:
Este Orçamento não serve nem resolve os problemas do País.
Antes pelo contrário. Agrava-os.
Mesmo que se obtenha um abaixamento no valor percentual do déficit, isso não irá ajudar a resolver os problemas de pagamento da dívida externa nem as parcerias publico / privadas e irá ter como consequência um continuado e progressivo desmantelamento do tecido económico.
Com ou sem recessão.

Também estamos conscientes que a sua não aprovação PODERÁ TER consequências que se poderão reflectir nos circuitos financeiros.
Mas....ninguém pode provar que isso não será melhor para o futuro do País. Será uma turbulência. Certamente. Mas passa.
Com a aprovação do orçamento, se calhar não há turbulência, mas o País perde a oportunidade de iniciar uma nova fase de recuperação que mais rapidamente nos poderia levar para os níveis de desenvolvimento pretendidos.
Acontece assim, que poderemos viver mais um ano ou dois em plena fase descendente e adiamos aquilo que agora seria fundamental. ACABAR COM ESTE SISTEMA POLITICO.

As futuras gerações não poderão contar com mais empréstimos externos.
Tem que haver produção de bens e serviços que garantam a sustentabilidade da economia. NADA DISSO É GARANTIDO PELAS MEDIDAS ANUNCIADAS, que vão na sequência do PEC anterior, cujas consequências são bem visíveis com o aumento do desemprego e a continuada falência de empresas.
Nada irá ser diferente agora. Vamos continuar a assistir ao empobrecimento geral do País.
Nada justifica a espera.

Temos pela frente uma caminhada que se não for rapidamente interrompida, levará a uma morte angustiante e penosa, que seria inteligente evitarmos.
Não é que o sistema não mereça uma morte lenta, mas como no caso quem sofre somos nós, era preferível irmos já para a morte assistida. Sofríamos o que tínhamos a sofrer e era rápido.
Para o ano continuávamos pobres mas certamente com um ar mais determinado na recuperação do País, que gostaríamos pudesse finalmente caminhar para uma sociedade de valores onde a Educação fosse o passo fundamental e a acção politica se desenvolve-se segundo regras representativas dos interesses gerais da população.
Um povo que não se sente traído, colabora de forma determinada para a sua recuperação.
Para isso, o passo fundamental a dar, é a extinção desta classe politica.
Enquanto não caminharmos nesse sentido, que não haja ilusões. Seremos cada vez mais pobres e o País verá alargar-se o fosso relativamente ás Nações mais desenvolvidas.

Temos que ser determinados e activos ! O caos é por vezes amigo do homem.
Veja-se o que se passa em França. Com razões menos sustentadas que as nossas, estão mais uma vez a demonstrar que temos que sair á rua, se quisermos fazer valer as nossas razões.
Isto é cada vez mais uma exigência que se faz a quem sente a ignomínia do sistema instalado.

posto por Carlos Luis

5 comentários:

JotaB disse...

Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria:

Crónicas sobre o futuro
Orçamento do Estado – 2011

O que conheço do
Orçamento do Estado
para 2011 revela
os tiques da má
governação que deixou
chegar as contas
públicas a um dos maiores
desastres da história da economia
portuguesa. Agora, chegados aqui,
as alternativas não são muitas,
mas eram apesar de tudo algumas
que o Governo não aproveitou.
Desde logo para reformar o Estado,
definindo com rigor as áreas
da sua intervenção e aquelas de
onde deve sair. Seguidamente, acabando
com os institutos e empresas
de capitais públicos, que constituem
organizações paralelas à
administração pública, central e
autárquica. Finalmente, instituindo
o modelo de dirigentes profissionais
e terminando com a nomeação
partidária dos quadros da administração
e gestores das empresas
de capitais públicos. Nada disto
foi pensado e menos ainda feito,
sendo o que está previsto no Orçamento
um simulacro sem qualquer
pensamento estruturado.
O trágico deste Orçamento é
que implica sacrifícios muito sérios
à maioria dos portugueses para
nada. Porque mesmo que seja possível
equilibrar as contas públicas
e acalmar os credores internacionais,
o que não é certo, não existe
neste orçamento nenhuma ideia
acerca da economia e em 2014-
2015 a situação não será melhor
do que hoje. Seja porque os governos,
desde Cavaco Silva, empenharam
o futuro dos portugueses
e vamos ter de pagar isso, seja
porque o Estado criou um ambiente
económico insustentável para
as empresas: burocracia asfixiante,
impostos sem fim; justiça inoperativa
e frequentemente injusta;
clima geral de imoralidade e de
corrupção; empresas do regime a
esmagarem o conjunto da economia
produtiva centrada nas pequenas
e médias empresas. Como parece
evidente, com este menu o bom
funcionamento de qualquer economia
é, para todos os efeitos,
improvável.

(continua...)

JotaB disse...

Um ponto do O.E. que será muito
discutido é se a economia portuguesa
entrará em recessão em
2011, como previsto pelos organismos
internacionais, ou se teremos
um crescimento marginal
como prevê o Governo, possibilidade
essa sustentada pelo crescimento
das exportações. Nesta questão
não é impossível que o Governo
tenha razão, na medida em que
a maioria dos empresários exportadores
têm demonstrado uma
heroicidade a toda a prova e continuarão
a lutar pela sobrevivência
das suas empresas, agora num
clima internacional da procura
um pouco mais favorável, ainda
que com margens mínimas ou
mesmo negativas. Em qualquer
caso a decisão entre estes dois
cenários vai pertencer ao sistema
financeiro, porque se o crédito às
PME se mantiver nos níveis habituais
as contas do Governo poderão
não estar longe da verdade,
mas se os bancos reduzirem substancialmente
os seus empréstimos
às empresas teremos em 2011-
2012 uma mortandade e o crescimento
do desemprego tornar-se-
à um problema ainda maior do
que é hoje.
Neste contexto o que mais
espanta é a inexistência no Orçamento
de qualquer ideia do Ministério
da Economia quando poderia
ser diferente. Por exemplo: criar
um programa para aumentar a
incorporação nacional nas empresas
integradoras, como, por exemplo,
a Auto Europa. Programando
as compras do Estado no sentido
de desenvolver a oferta nacional.
Criando no Aicep um departamento
especializado na promoção
das empresas tecnológicas
nacionais. Atraindo para Portugal
o transhipment dos grandes
navios porta contentores, com efeitos
na atracção do investimento
directo estrangeiro. Dinamizando
a concorrência nas grandes empresas
do regime para reduzir o custo
dos factores produtivos. Organizar
incentivos para a criação em
Portugal de empresas integradoras
que aumentem o mercado do
subcontrato a que, infelizmente,
se dedica ainda a maioria das pme’s
portuguesas. Criando linhas de
financiamento bancário de curto
prazo para encomendas firmes
destinadas à exportação. Limitando
o investimento meramente
financeiro das empresas públicas
no exterior e incentivando o
investimento que aumente os fluxos
comerciais do nosso comércio
externo e dinamizando a produção
nacional. Limitando a entrada
em Portugal de produtos estrangeiros
por razões de qualidade,
prejuízo para a saúde e outras causas
devidamente justificadas. Tornando
obrigatório o cumprimento
de prazos de pagamento de forma
fixada em lei, quer por parte
das empresas quer pelo Estado.
Claro que se tivesse sido este o
caminho não estaríamos agora no
beco em que nos meteram.


HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com

JotaB disse...

Não adianta adiarmos o CAOS, pois o país está em cacos.
Nenhum sector funciona, não se cria riqueza que nos leve a perspectivar um futuro menos sombrio. Por isso é melhor destruir tudo, para começarmos a construir um novo edifício, a partir de novos alicerces, sólidos e duráveis.

Mais uma vez, Henrique Neto aponta os males e indica os tratamentos. Mas ninguém o ouve, como ninguém ouve Medina Carreira.

Neo disse...

Mais uma vez comungo das palavras do post.

Na minha opinião nem adianta sofrer as agruras das medidas austeras do FMI.
Quando se endireitarem as contas públicas,com sacrifício doloroso de milhares de famílias,tudo voltara a ser como antes.
Mais bandos de gatunos tomarão o poder e espremerão até à última gota o suor de todos nós.
A única saída é a criminilização dos crápulas.
Só confiscando o que foi roubado e colocando na prisão os criminosos se poderá passar a página e começar uma vida nova.
Não conheço nenhum motivo para que assim não seja,excepto o total controlo que estes grupos do crime organizado têm sobre o aparelho de Estado,sobre os orgãos de justiça e imprensa.
Quem rouba um banco não vai preso e não lhe é confiscado o produto do roubo?
E quem rouba uma nação?

Cumprimentos.

Força Emergente disse...

Caros amigos Neo e Jotab
Obrigado pelos vossos comentários.
De facto estamos a chegar ao ponto mais baixo a que uma Nação pode descer.
Quando os politicos perdem a vergonha e usufruem de um sistema que lhes garante impunidade, só há uma solução. ENFRENTÁ-LOS na RUA, no PARLAMENTO, EM S.bENTO, em BELEM, etc.
Dispomos de uma autêntica bomba atómica que é a nossa revolta, que mais nâo seja, em palavras, apupos, enfrentamento fisico com as mãos ou os pés, com gritaria etc etc, que os obrigue a sentir vergonha, pois os orgãos de comunicação social teriam de começar a dar cobertura a estas acções de revolta popular.
Infelizmente somos muito poucos, por enquanto, e eles sabem disso.
Por vezes sentimos mesmo, que estamos a pregar no deserto.
Entretanto aproveito para informar que por motivos diversos vou estar ausente durante algum tempo. O Pedro Duarte, com a sua excelente capacidade analítica, irá alimentando este Blog. Até lá o nosso obrigado a todos os que nos têm acompanhado.
Carlos Luis