quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Imaginemos

Que os procuradores do caso Freeport fazem um comunicado conjunto com a procuradora Cândida Almeida.
Achávamos estranho ?
Parecia-nos surrealista ?
Bem, depois de tudo o que já se passou ficaríamos siderados perante a noticia.
Que aconteceu mesmo e que nos espanta.
É que o grupo Pinto Monteiro / Lopes da Mota / Cândida Almeida, evidenciava sinais que andava a trabalhar noutra direcção.
Tanto assim nos parecia, que pedimos o afastamento de dois.

Este comunicado é incompreensível e inaceitável.
Já sabemos que somos inconscientes e pouco credíveis. Mas andávamos convencidos que o processo não estava a ser bem conduzido. E sobre isso, se na altura não tínhamos duvidas, perante o despacho de arquivamento mais certezas adquirimos.
O poder politico tentou e por enquanto conseguiu eximir-se à justiça. Esperemos que os assistentes neste processo possam recuperar a viabilização da mesma.
De momento não queremos imaginar mais nada, a não ser dar um voto de confiança ao nosso advogado neste caso, o Dr.José Maria Martins.
Bom, mas só para animar.
Imaginem que conseguimos reabrir o processo ?
Ia ser bonito, não ia ?

3 comentários:

JotaB disse...

Há muito que deixamos de ser uma democracia, pois não existe justiça.
Aquilo que alguns ainda chamam de justiça, está ao serviço de uns poucos, punindo os cidadãos, que assim se encontram desprotegidos perante os criminosos que se encontram no poder.

http://aeiou.visao.pt/a-rainha-do-pais-das-maravilhas=f568938

http://aeiou.visao.pt/estado-sem-lei=f568977

JotaB disse...

Crónica semanal de Henrique Neto, publicada no semanário Jornal de Leiria:

Crónicas sobre o futuro
A Sabedoria no Governo dos Povos (3)
Ao tratar este
tema nas
duas crónicas
anteriores ,
recordei que a sabedoria
dos governantes e
grandes homens públicos,
tende a estender-se
aos seus seguidores
e, por vezes, a tornar-se
parte da sabedoria dos
seus povos. A Índia, ainda
hoje é muito influenciada
pela sabedoria contida
nos ensinamentos
de Mahatma Gandhi e
os Estados Unidos perderam
muito do seu passado
racista e fundamentalista
depois de Martin
Luther King. Por sua
vez, a África do Sul é
hoje um exemplo para
o mundo devido ao
extraordinário legado de
Nelson Mandela. O inverso
é também verdadeiro,
abundando os exemplos
de líderes que perpetuaram
a sua própria
ignorância e os seus
maus exemplos através
dos seus seguidores.
Como tenho dito e escrito
inúmeras vezes, entre
nós o legado que José
Sócrates deixará a Portugal
será a má influência
do seu exemplo junto
dos seus colaboradores
e no partido que dirige.
Porventura, também
junto de muitos milhares
de portugueses, seja
pela pedagogia de valor
negativo, seja pelo tempo perdido num
percurso que é essencialmente errado e
nos conduz ao desastre.
Esta semana, ainda a propósito do caso
Freeport, tivemos disso mesmo três exemplos
gritantes e todos lamentáveis. Vital
Moreira, cada vez mais longe do seu passado
de independência e de lucidez intelectual,
não encontrou nada melhor para
fazer do que um escrito no Público sob
o título Para a História Nacional da Infâmia,
em que considera que os jornalistas
e outros críticos do primeiro ministro,
entre os quais me coloco, ”tivessem
alguma vergonha, estariam hoje a pedir
desculpa pelas aleivosias que cometerem
em relação a José Sócrates”. Dos juristas
que elaboraram o relatório final do
caso Freeport, diz: “Se o ridículo matasse,
as duas criaturas estariam condenadas”.
Por sua vez, o ministro da Presidência,
Pedro Silva Pereira, afirmou que
“Estamos perante um despacho perverso
(...) É um comportamento absolutamente
intolerável”. Finalmente, é de Francisco
Assis que chega a pérola seguinte:
“Uma actuação desta natureza não merece
outra qualificação que não seja uma
pura canalhice”.

(continua...)

JotaB disse...

Notemos de que toda esta artilharia é
dirigida, principalmente,
contra os dois procuradores
que investigaram
a fase final do
caso Freeport e que,
como lhes competia, lá
colocaram, com a autorização
da hierarquia do
Ministério Público, as
perguntas que foram
impedidos de fazer a
José Sócrates. Note-se
também que os três
seguidores do primeiro
ministro, se têm notabilizado
na defesa do
segredo de justiça e do
princípio da separação
de poderes, nomeadamente
no caso das escutas
das conversas entre
Vara e Sócrates, destruídas
pelo Procurador
Geral da República, com
o argumento, compreensível,
de que as instituições
democráticas,
como o sistema de justiça,
devem ser defendidas
e prestigiadas.
Como vimos, defendidas
apenas quando possam
ser manipuladas
pelo poder político amigo.
São muitas as lições
a tirar deste caso Freeport,
a maioria das quais
políticas. Em primeiro
lugar, mostra-nos até
que ponto os partidos
políticos controlam os
cidadãos e a vida dos
portugueses, não hesitando
perante nada para
levar a cabo os seus fins.
Seguidamente, os partidos e os seus maus
dirigentes, pervertem e destroem a qualidade
intelectual, politica e cívica dos
seus seguidores, como atestam os três
casos referidos. Finalmente, que é na
liberdade da imprensa e dos jornalistas
que, apesar de todos os excessos, ainda
reside o conhecimento possível da
verdade e a defesa das instituições democráticas.
E a propósito, lutemos com
convicção contra o aumento dos poderes
do Procurador Geral da República,
como o PS se prepara para fazer, quando
no passado preconizava exactamente
o contrário, com o objectivo conjuntural
de defender José Sócrates das muitas
questões que, directa e indirectamente,
sobre ele pendem na justiça.
A minha convicção é a de que, nas
actuais condições de escolha partidária
do Procurador Geral da República,
prefiro a responsabilização individual
dos procuradores e investigadores criminais
perante a lei, do que perante
um qualquer chefe, que, como estamos
a aprender neste caso, se pode deixar
impressionar excessivamente pelo poder
político, que, no caso português, tem
um funcionamento muito pouco de
democrático.

HENRIQUE NETO
empresário
netohenrique8@gmail.com